Mudanças Climáticas e Frameworks de Reporte

Os desafios decorrentes das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade têm implicações significativas para as empresas, que estão sendo exigidas a proporcionar maior transparência em suas estratégias de negócios, especialmente em relação aos tópicos ambientais, sociais e de governança (ESG). Nesse sentido, a divulgação de informações ESG busca não apenas atender a uma demanda, mas também construir confiança com os investidores, clientes e comunidade em geral 

Esse movimento é impulsionado, em parte, pela crescente percepção de que a negligência em abordar essas questões pode acarretar em riscos financeiros significativos para os investidores, dada a conscientização sobre a interdependência entre sustentabilidade corporativa e desempenho financeiro. As empresas que não se adaptarem a essa nova realidade correm o risco de perder competitividade e reputação no mercado, pois a divulgação transparente e abrangente de práticas ESG não apenas reflete uma abordagem ética e responsável dos negócios, mas também se tornou uma prioridade estratégica de longo prazo. 

Entre as ferramentas que facilitam a divulgação de dados relacionados às práticas ESG, destacam-se os frameworks de reporte. Esses padrões proporcionam um meio consistente para relatar informações sobre gerenciamento e desempenho nos campos financeiro, ambiental, social e de governança. A padronização das informações requisitadas permite que os esforços empresariais sejam comparáveis. Os principais frameworks de reporte de práticas ESG incluem: 

  • GRI (Global Reporting Initiative): Iniciativa global que estabelece diretrizes para relatórios de sustentabilidade, abrangendo uma variedade de tópicos, desde emissões de gases de efeito estufa até práticas sociais, políticas de equidade e governança corporativa. Sua flexibilidade permite que as empresas adaptem seus relatórios às necessidades específicas de seus stakeholders. 
  • CDP (Carbon Disclosure Project): Iniciativa que visa a divulgação de informações corporativas relacionadas ao clima, à biodiversidade, ao manejo de florestas e à segurança hídrica. O sistema, que conta com uma série de perguntas, permite que empresas, cidades, estados e regiões relatem seus impactos, riscos, oportunidades, práticas de gestão, governança, entre outros elementos. 
  • TCFD (Task Force on Climate-Related Financial Disclosures): Padrão de recomendações para divulgação de informações sobre emissões de gases de efeito estufa, estratégias de mitigação, governança, estratégia corporativa e riscos e oportunidades financeiras relacionados ao clima. 
  • SASB (Sustainability Accounting Standards Board): Os Padrões SASB ajudam as empresas a divulgar informações relevantes sobre sustentabilidade para seus investidores, identificando os riscos e as oportunidades com maior probabilidade de afetar os fluxos de caixa, o acesso ao financiamento e o custo de capital a curto, médio ou longo prazo. Desde agosto de 2022, o International Sustainability Standards Board (ISSB) da IFRS Foundation assumiu a responsabilidade pelas Normas SASB. 
  • IFRS (International Financial Reporting Standards): Padrão global de contabilidade, com diretrizes para a divulgação de informações relacionadas à sustentabilidade financeira, ambiental e social das empresas. Ao integrar considerações de sustentabilidade nos relatórios financeiros, o IFRS Sustainability Standards ajuda a fornecer uma visão do desempenho das empresas, permitindo aos investidores e outras partes interessadas avaliar melhor os riscos e oportunidades associados às questões ESG. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil decidiu adotar o IFRS como padrão contábil para empresas abertas, securitizadoras e fundos de investimento. 
  • European Sustainability Reporting Standards (ESRS): Aplicável desde 2024 às empresas com mais de 500 funcionários, com um volume de negócios superior a 50 milhões de euros ou um balanço patrimonial superior a 25 milhões de euros, o ESRS deve ser usado por todas as companhias sujeitas ao CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), nova diretiva da União Europeia para divulgação de informações sobre sustentabilidade corporativa. O padrão ESRS visa aumentar a transparência e a comparabilidade das informações de sustentabilidade no continente europeu. As normas levam em conta as discussões com o International Sustainability Standards Board (ISSB) e a Global Reporting Initiative (GRI) para garantir um alto grau de interoperabilidade entre as normas da UE e as normas globais e para evitar a duplicação desnecessária de relatórios por parte das empresas. 

Os padrões e diretrizes de reporte de aspectos relacionados à sustentabilidade configuram-se como uma importante etapa do caminho de transformação das empresas em um mundo que deve buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, mas a ação não deve se limitar à questão da transparência das informações ESG, mas também deve impulsionar o desenvolvimento de novas estratégias que fortaleçam a resiliência empresarial e promovam a descarbonização da economia.  

 

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