O conceito de financiamento verde pode ser entendido quando os fluxos financeiros dos setores público, privado e sem fins lucrativos, são direcionados para o desenvolvimento sustentável, sendo a forma do setor financeiro atuar para um mundo mais sustentável e se mostrar a par das mudanças pelas quais o planeta está passando.
Segundo os membros do International Development Finance Club (IDCF), em 2019, US$ 197 bilhões, ou 25% de novos investimentos, foram para financiamentos verdes. Isto representa US$ 867 bilhões desde 2015 (IDFC). Os fluxos globais de financiamento climático alcançaram US$ 632 bilhões entre 2019 e 2020, um aumento de 10% em relação a 2017-2018.
Financiamento climático: mobilização de todos os atores do mercado financeiro é essencial
O financiamento climático – que consiste em todas as atividades relacionadas à mitigação das emissões de gases de efeito estuda (GEE) e adaptação à mudança climática – representou 95% do total de financiamento verde, (dos quais 90% para atividades de mitigação e 10% para atividades de adaptação). Os restantes 5%, ou US$ 10 bilhões, foram dedicados a outros objetivos ambientais, como gestão de resíduos e água, biodiversidade e controle da poluição industrial.
A maioria desses investimentos foi fornecida na forma de “empréstimos “verdes” (US$ 190 bilhões) semelhante aos anos anteriores. De acordo com a categorização das carteiras de investimento dos membros do IDFC, US$ 4 bilhões foram fornecidos através de doações, dando continuidade a uma tendência que vem crescendo desde 2016. Os investimentos na América Latina representaram apenas 5%.
Segundo Castellani et al. (2019), se desejamos que as metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) sejam cumpridas até 2030, será necessário investir cerca de US$1,4 trilhões (o equivalente a 12,4% do PIB da região) na região da América Latina e Caribe. É um grande desafio para cada país aumentar sua capacidade de canalizar fundos e atrair investimentos para apoiar essa significativa quantia de investimento. Os ODS são também uma oportunidade para a adoção de uma estrutura comum na qual os países, bem como as empresas públicas e privadas, podem apresentar e demonstrar sua participação nos compromissos de um país.
Mercado financeiro verde
De acordo com a Climate Policy Initiative (CPI), a expansão de um mercado financeiro verde e sustentável apoia-se, na melhoria da coleta de dados e na transparência sobre os impactos e benefícios ambientais atingidos pelos financiamentos e investimentos dos mais variados tipos de atores. No entanto, as informações sobre os níveis de investimento em adaptação, imobiliário e setores industriais são hoje ainda escassas ou carecem de padrões compartilhados com base na ciência. Essas informações são essenciais para avaliar o progresso coletivo, elaborar políticas eficazes e direcionar o financiamento onde ele terá maior impacto.
O setor financeiro tem um papel essencial na mobilização dos recursos necessários para a transição ecológica, e para tal é essencial, entre outros, aprimorar a regulamentação do gerenciamento e da transparência de riscos ambientais e sociais do mercado financeiro. No Brasil, o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabeleceram, nesse sentido, as primeiras resoluções de transparência sobre o risco climático aplicáveis a todos os atores financeiros.
Esta é uma oportunidade para os atores públicos e privados repensarem sua atuação, e colaborarem, seja priorizando a coleta de dados sobre ações climáticas confiáveis e seus respectivos impactos, seja reportando dados com mais clareza – como métricas de descarbonização adequadas a cada setor, e indicadores de progresso.
Autora: Mariana Pombo, gerente de Finanças Sustentáveis.
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