Ferramentas de análise da paisagem no diagnóstico de impacto ambiental

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O estudo da paisagem é um campo interdisciplinar que integra uma gama de aspectos ambientais que interagem entre si e influenciam os processos biológicos e ecológicos da área estudada. Ao avaliar a paisagem, podem ser analisados aspectos dos meios físico, biótico e socioeconômico, ilustrando sua natureza transversal. Por isso, o conceito de paisagem consegue ser tão valioso para análises que compõem os escopos dos estudos ambientais. Além disso, porque fornece tanto dados “estáticos” – isto é, da estrutura da área estudada; quanto “dinâmicos” – que informam sobre processos resultantes de interações entre os diversos elementos ali presentes (LIMA; QUEIROZ NETO, 1997).

Existem várias metodologias que podem ser empregadas para estudar a paisagem. Através da abordagem da metodologia de mapeamento de biótopos, por exemplo, são considerados três elementos fundamentais que compõem uma unidade funcional da paisagem: estrutura ambiental, funções ecológicas, e o uso antrópico (WEBER, 2019). Assim, o estudo possibilita um olhar integrado e sistêmico para aquele ambiente, incluindo os aspectos da atividade humana, o que é de grande relevância quando se deseja realizar diagnósticos de impacto de diversas naturezas – inclusive impactos sobre a biodiversidade .

No campo da ecologia da paisagem, podem ser empregadas diversas métricas espaciais para compreender melhor as estruturas e processos atuantes, pensados a partir de alguns elementos principais que compõem a paisagem: as manchas, os corredores, e a matriz (SERAFIM, 2014). As manchas são simplemente superfícies que se diferem da sua vizinhança, ou entorno imediato, e que podem estar absorvidas na matriz. Por exemplo, um fragmento de mata ciliar em meio a um campo de pastagem representa uma mancha. Manchas podem ser caracterizadas com base em seu tamanho, forma, número e configuração. Os corredores são definidos como áreas lineares de um tipo de uso e ocupação do solo que apresenta conteúdo e estrutura distintos (Forman, 1995 apud SERAFIM, 2014). Corredores são utilizados para diversas funções; Forman (1995) as classifica em cinco tipos: habitat, conduta, filtro, fonte e sumidouro. Um curso d’água, por exemplo, pode ser um corredor. Os corredores podem formar ligações entre as manchas, favorecendo a conectividade entre elas, em meio a matriz. A matriz é a classe de uso e ocupação dominante da paisagem, considerando sua extensão e seu grau de conectividade. Continuando do exemplo acima, o campo de pastagem pode representar a matriz, neste caso antropizada, da paisagem; e um rio pode representar um corredor que conecta as manchas de fragmentos florestais.

A composição e a configuração desses elementos influenciam também as funções desempenhadas por ela (SERAFIM, 2014). As funções da paisagem estão relacionadas à fluxos de energia e matéria em diversas escalas – desde a produção de biomassa ao transporte de pessoas; mas também incluem funções como produção de oxigênio, regulação do ciclo hidrológico, etc. Ou seja, é possível traçar uma relação direta entre a paisagem e os serviços ecossistêmicos – funções ecossistêmicas das quais nossa sociedade humana se beneficia, direta ou indiretamente. Sendo assim, a alteração da paisagem pode impactar a integridade desses sistemas,  ameaçar a biodiversidade ali presente, e afetar os serviços providos. Das cinco principais pressões sobre a biodiversidade apontadas pelo Millenium Ecosystem Assessment (2005), a perda de habitat se relaciona diretamente com a paisagem. Quando falamos em perda, fragmentação e/ou degradação de habitat, estamos nos referindo à alterações no uso e cobertura do solo causadas por distúrbios que, de alguma forma, transformam a paisagem de seu estado natural. Diversas atividades antrópicas possuem elevado potencial de causar essas alterações, gerando impactos negativos para a biodiversidade: a mineração, a extração de madeira, a expansão de áreas para pastagens e cultivos extensivos, alagamento de áreas para criação de reservatórios, para citar alguns exemplos.

Neste contexto, o estudo da paisagem, por meio da aplicação de métricas da ecologia da paisagem, tem muito a contribuir para as avaliações de impacto sobre a biodiversidade, tendo como ponto forte a possibilidade de gerar resultados quantitativos e espacialmente explicitos referentes à pressão de perda de habitat. A análise da paisagem cabe em todas as etapas de um estudo: desde o diagnóstico inicial até o monitoramento; inclusive, é válido destacar que a aplicação desse tipo de análise é útil também para a avaliação de impactos positivos. Ao implementar medidas de recuperação e conservação, por exemplo, é necessário acompanhar os resultados, visando assegurar um aumento nas áreas de habitat natural. Áreas mais extensas de habitat possibilitam a permanência de populações de fauna e flora em um determinado local e, consequentemente, os serviços ecossistêmicos associados. No Brasil, cuja dependência de atividades que envolvem a exploração direta dos recursos naturais ainda é muito forte, essa abordagem possui um elevado potencial de aplicação em inúmeros projetos, auxiliando nosso avanço no sentido de um desenvolvimento mais sustentável.

A I Care desenvolveu a sua própria metodologia de avaliação da pressão de perda de habitat que considera parâmetros como a conectividade, permeabilidade, e tamanho de fragmentos naturais na área de estudo. Esses parâmetros se relacionam com a capacidade de sustentação de populações de espécies em um ecossistema e, a partir da sua análise, é possivel inferir sobre a integridade ambiental da área e os processos ecológicos ocorrentes. Essa metodologia inovadora agrega valor para uma avaliação que poderia ser apenas qualitativa ao integrar aspectos quantitativos, utilizando bases de dados secundários robustas combinadas com dados primários, podendo inclusive modelar cenários futuros para prever os potenciais impactos das atividades avaliadas em diferentes horizontes temporais. Todos esses resultados ainda podem ser representados de forma visual em produtos cartográficos, o que os tornam excelentes ferramentas para elucidar para a liderança como a organização está situada em relação à esse impacto no(s) seu(s) site(s) de atuação, e melhor informar tomadas de decisão. Os resultados desse diagnóstico podem também orientar o Plano de Ação em Biodiversidade da empresa, outra solução ofertada pela I Care que auxilia empresas, governos e instituições à impulsionarem sua transição ecológica para uma atuação mais alinhada com os principios de No Net Loss e Nature Positive.

Se interessou pela possibilidade de aplicação dessas métricas e ferramentas para a sua organização? Entre em contato com o nosso time para entendermos juntos a melhor forma de impulsionar a sua atuação de impacto positivo sobre a biodiversidade.

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