ESG e biodiversidade: como agir?

esg e a biodiversidade

A biodiversidade é tão importante na estratégia ESG quanto a redução das emissões e da produção de resíduos. Saiba como incluir o tema na agenda ESG de sua empresa.

Quando uma empresa ou organização decide construir sua estratégia ESG, certamente um dos primeiros pontos que surge para gestores em relação ao aspecto ambiental é pensar no que fazer para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a produção de resíduos da companhia, através de práticas da economia circular.

Mas o ‘E’ do ESG vai muito além. E uma questão bastante sensível que precisa ser incorporada na agenda ESG das empresas é o cuidado com a biodiversidade. Neste sentido, é preciso pensar a biodiversidade numa perspectiva de articulação das três áreas do ESG – ambiental, social e governança.

A biodiversidade no ambiental, no social e na governança

Como ‘situar’ a biodiversidade nos aspectos ambiental, social e de governança do ESG?

Sob a ótica ambiental, é preciso que as empresas reconheçam a importância da biodiversidade para a saúde dos ecossistemas e, por tabela, para a perenidade de seus negócios. Afinal, a perda de biodiversidade pode impactar negativamente a estabilidade ecológica, afetando a oferta de recursos naturais, como a água, o ar ou a polinização, que estão na base de modelos de negócios de praticamente todos os setores econômicos.

Mas é preciso também que companhias e instituições considerem a biodiversidade pela dimensão social do ESG. Afinal, todos nós dependemos diretamente dos ecossistemas para nossa subsistência, mesmo para a nossa sobrevivência. Portanto, a degradação da biodiversidade pode afetar toda a sociedade, prejudicando não apenas nosso acesso a recursos naturais, mas também nossa segurança alimentar. A perda de biodiversidade ainda pode causar conflitos, por causar escassez de recursos. E isso, claro, também afeta as empresas.

A boa governança corporativa também desempenha um papel fundamental na relação entre ESG e biodiversidade. Empresas com práticas de governança sólidas estão mais propensas a considerar os impactos de suas operações na vida animal e vegetal e em seu ambiente e implementar políticas que minimizem esses impactos. Isso pode incluir a adoção de estratégias de negócios sustentáveis; a conformidade com regulamentações ambientais; e a transparência na divulgação das ações relacionadas à proteção e ao cuidado com ecossistemas.

Os riscos de deixar a biodiversidade em segundo plano na estratégia ESG

As empresas que negligenciam a biodiversidade em sua agenda ESG podem ter que lidar com problemas operacionais, legais e de reputação. Especialmente se essas empresas estiverem envolvidas em atividades que afetam ecossistemas sensíveis. Já companhias que avaliam e gerenciam esses riscos em sua estratégia ESG estão mais bem preparadas para enfrentar desafios e incertezas no longo prazo. Quais são estes riscos?

Riscos operacionais

Muitas empresas dependem diretamente da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos para obter recursos naturais, como água, alimentos, madeira, fibras e produtos bioquímicos. Assim, a perda de biodiversidade pode levar à escassez desses recursos, afetando a continuidade das suas operações e aumentando os custos.

Ecossistemas saudáveis e diversificados prestam serviços ambientais essenciais, como polinização, purificação de água e controle de pragas. Esses serviços sustentam a produção agrícola, a qualidade da água e a saúde das comunidades. E isso impacta diretamente a resiliência das operações empresariais.

Além disso, a biodiversidade é uma fonte de inspiração para inovação e desenvolvimento de produtos. Muitos setores, como o farmacêutico e o de biotecnologia, dependem da diversidade genética da natureza para criar novos medicamentos, materiais e tecnologias.

Riscos legais

Em muitos casos, e cada vez mais, existem leis e regulamentações ambientais que exigem que as empresas considerem os impactos de suas operações na biodiversidade. Não cumprir essas regras pode render multas e sanções. Um custo evitável.

Exemplo recente veio da União Europeia, que colocou em vigor, no fim de junho, uma legislação proibindo a importação de produtos oriundos de áreas desmatadas. A lei afeta diretamente setores econômicos brasileiros, como o agronegócio.

Riscos reputacionais

Empresas que se comprometem com a conservação da biodiversidade podem fortalecer sua imagem e reputação para consumidores, investidores e comunidades onde atua. Se não ‘vestem essa camisa’, o efeito é inverso, com danos à imagem que podem afastar clientes e financiadores.

Além disso, alguns mercados, como os de produtos orgânicos e sustentáveis, exigem que as empresas demonstrem práticas responsáveis em relação à biodiversidade para acessar clientes e obter certificações que agregam valor aos produtos.

Em julho de 2017, um relatório da organização Rainforest Action Network (RAN) acusou algumas das maiores empresas do mundo de serem cúmplices no desmatamento de florestas na Indonésia, onde milhares de árvores estavam sendo derrubadas e queimadas ilegalmente para dar lugar a plantações de óleo de palma, conta o Conexão Planeta. A lista de corporações incluía PepsiCo, Mars, Kellogs, Nestlé, Unilever, Procter & Gamble e McDonald’s. Pressionadas, muitas delas tomaram medidas para mudar esse cenário negativo – que poderia ter sido evitado, se tivessem dado a devida importância à preservação da biodiversidade.

Logo, não dá para pensar em ESG sem pensar em biodiversidade. As empresas têm de reconhecer cada vez mais que a gestão responsável dos seus impactos na biodiversidade é essencial para a sustentabilidade dos seus negócios a longo prazo e para a preservação dos ecossistemas que sustentam a vida no planeta.

Quem cobra isso são os consumidores, os investidores e as comunidades. Sem os quais nenhuma empresa resiste. Ou existe.

Como incluir a biodiversidade na estratégia ESG?

Iniciativas como o Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD) e o Science Based Targets Network (SBTN) estabeleceram indicadores de impacto para dar suporte à construção de estratégias em biodiversidade para instituições privadas.

São parâmetros com foco na redução da pressão sobre a perda da natureza para se alcançar o ‘no net loss’ – cujo objetivo é evitar perdas e gerar um ganho líquido para a biodiversidade – e ‘nature positive’ – conceito que vai além da redução dos impactos sobre a biodiversidade e foca na melhoria e incremento dos ecossistemas naturais.

A partir desses parâmetros, a I Care desenvolveu expertise em auxiliar as empresas a compreender, mensurar e reduzir seu impacto sobre a biodiversidade. Os produtos oferecidos pela I Care buscam compreender e difundir conhecimento sobre o tema; diagnosticar e mensurar impactos e dependências sobre a biodiversidade; e traçar planos de ação efetivos para as empresas.

Data: 03/10/2023

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