Impactos das mudanças climáticas nas migrações humanas

As mudanças climáticas estão impulsionando uma crescente crise de deslocamento humano, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. A situação trágica no Rio Grande do Sul, materializa no Brasil, situações que já vem ocorrendo em outros locais do mundo. Esse fenômeno complexo e multifacetado resulta de uma interação entre eventos climáticos extremos, degradação ambiental e condições socioeconômicas precárias. À medida que a crise climática se agrava, os desafios enfrentados pelas populações deslocadas se intensificam, exacerbando a vulnerabilidade e criando dinâmicas migratórias. 

Desastres naturais e deslocamento forçado 

Os desastres naturais são um dos principais catalisadores do deslocamento humano. Inundações, tempestades, a escassez de água, a diminuição da produtividade agrícola e o aumento do nível do mar são fatores que comprometem as economias locais e forçam as populações a se deslocarem. A rápida urbanização e o crescimento populacional exacerbam esses deslocamentos, aumentando a pressão sobre os recursos naturais e a capacidade de resposta das autoridades. 

Um exemplo impactante ocorreu no Paquistão, onde fortes chuvas entre 2022 e 2023 resultaram na evacuação de quase 8 milhões de pessoas de suas casas. Essas migrações forçadas não apenas representam um desafio imediato para as comunidades afetadas, mas também destacam a necessidade de medidas preventivas e adaptação para enfrentar os impactos das mudanças climáticas. 

Refugiados climáticos: uma nova realidade 

O conceito de refugiados climáticos está emergindo como uma resposta às crescentes migrações induzidas pelo clima. Pessoas que são forçadas a abandonar seus lugares de origem devido a eventos climáticos extremos, como o exemplo das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, degradação ambiental e condições adversas que constituem desafios cada vez mais comuns e que demandam busca de proteção e assistência. 

De acordo com o Banco Mundial, estima-se que até 2050, mais de 216 milhões de pessoas em seis regiões do mundo poderão ser forçadas a se deslocarem de seus países devido a eventos climáticos adversos, escassez de água, diminuição da produtividade agrícola e aumento do nível do mar. A África Subsaariana é identificada como a região mais vulnerável, seguida pelo Leste Asiático, Pacífico e América Latina. 

Os mais afetados por essas migrações são os indivíduos mais vulneráveis, incluindo crianças e populações de baixa renda. Dados da UNICEF indicam que entre 2016 e 2021, 43,1 milhões de crianças foram deslocadas em seus próprios países devido a desastres climáticos, sendo que 95% desses deslocamentos foram causados por inundações e tempestades.  

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), novos deslocamentos foram impulsionados principalmente por desastres relacionados ao clima, responsáveis por 53% dos 60,9 milhões de novos deslocamentos internos registrados em 2022. Esse é o maior número anual em uma década. Estima-se que, no Brasil, aproximadamente 1,5 milhão de crianças poderão ser deslocadas nos próximos 30 anos devido a fenômenos climáticos. 

Esses deslocamentos não apenas representam uma crise humanitária imediata, mas também têm consequências socioeconômicas e políticas de longo prazo. As populações deslocadas enfrentam dificuldades significativas ao procurar abrigo, emprego e serviços básicos, enquanto as comunidades receptoras podem enfrentar pressões adicionais sobre recursos e infraestrutura. 

Resposta e adaptação 

Para enfrentar esse desafio crescente, é crucial que os governos e organizações nacionais e internacionais adotem estratégias integradas. Dentre as alternativas para mitigar o aumento desses casos de migrações está a realização de estudos como a Análise de Riscos Climáticos, que dentre as diversas informações, apresenta o mapeamento da distribuição territorial dos riscos climáticos, como inundações, deslizamentos, tempestades entre outras ameaças climáticas, nas projeções futuras para os anos de 2040, 2070, 2100 e assim por diante.  

Essas informações fornecem subsídios para se pensar e construir políticas, planos e ações. Todas essas medidas devem estar estruturadas idealmente em um Plano de Adaptação Climática, instrumento fundamental para auxiliar governos e instituições no planejamento para garantir o aumento da resiliência à mudança do clima.  

A I Care possui uma vasta experiência na realização de estudos de Análise de Riscos Climáticos para municípios e para empresas, como para o setor de saneamento, setor portuário, setor de energia elétrica, entre outros, além da elaboração de Plano de Adaptação à Mudança do Clima, para garantir ações assertivas para mitigação dos riscos climáticos. 

  

Referências 

ACNUR. Mudanças climáticas e deslocamento. 2024. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/temas-especificos/mudancas-climaticas/ Acesso em 28 mai. 2024. 

EPBR. Entenda: Por que as mudanças climáticas devem aumentar o número de refugiados no mundo?. 2023. Disponível em: https://epbr.com.br/entenda-por-que-as-mudancas-climaticas-devem-aumentar-o-numero-de-refugiados-no-mundo/. Acesso em 28 mai. 2024. 

OIM. OIM lança Estratégia Institucional sobre Migração, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas para a próxima década. 2021. Disponível em: https://brazil.iom.int/pt-br/news/oim-lanca-estrategia-institucional-sobre-migracao-meio-ambiente-e-mudancas-climaticas-para-proxima-decada. Acesso em 28 mai. 2024. 

OIM. À medida que a mudança do clima causa deslocamentos, o que poderia reduzir os riscos?. 2023. Disponível em: https://brazil.iom.int/pt-br/news/medida-que-mudanca-do-clima-causa-deslocamentos-o-que-poderia-reduzir-os-riscos. Acesso em 28 mai. 2024. 

UNICEF. Desastres relacionados com o clima provocaram 43,1 milhões de deslocamentos de crianças ao longo de seis anos. 2023. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/desastres-relacionados-com-o-clima-provocaram-mais-de-43-milhoes-de-deslocamentos-de-criancas-ao-longo-de-seis-anos. Acesso em 28 mai. 2024. 

WORL BANK. Climate Change Could Force 216 Million People to Migrate Within Their Own Countries by 2050. 2021. Disponível em: https://www.worldbank.org/en/news/press-release/2021/09/13/climate-change-could-force-216-million-people-to-migrate-within-their-own-countries-by-2050. Acesso em 28 mai. 2024. 

 

Publicado em: 05/06/2024 

Autoria: Laís Souza 

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